Igreja cibernética? ou igreja ao vivo?

A Igreja foi instituída por Jesus. Ela nasceu forte e invencível. Não há dúvidas de que o diabo luta diuturnamente contra ela. No entanto, estamos certos de que Deus a fez vencedora (Rm 8: 37), e de que não podemos viver no mundo do imaginário (do virtual) com relação ao nosso compromisso para com Deus. Estar consciente da missão da igreja, como organismo vivo que é, e de seu papel presente e atuante neste mundo e procurar cumpri-lo com fé e responsabilidade, é o imperativo bíblico para a vida do cristão.

Ninguém é capaz de imaginar o que os demônios andam tramando contra a Igreja do Senhor Jesus nos bastidores do inferno. Planos e mais planos freqüentemente têm sido arquitetados contra ela, na tentativa de impedir o seu progresso (Is 54: 17). Nem por isso devemos ficar desencorajados, porque ela será sempre triunfante, pois foi o próprio Jesus quem declarou a sua vitória: “... e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”, Mt 16: 18.
Por isso precisa exercer com autenticidade e autoridade a sua missão como corpo de Cristo (1Co 12: 12). Como agência do reino dos céus na terra, gostaria de refletir, juntamente com todos os Cristão espalhados por este imenso país e exterior, sobre algumas marcas que a caracterizam como a verdadeira ou real Igreja do Senhor Jesus.


Igreja consciente

A igreja deve ter consciência de sua missão na terra. Sua vocação é missionária. Por isso, não basta sentir-se satisfeita por constituir o povo de Deus nem se contentar em prestar culto de adoração a Ele em suas reuniões diárias. À semelhança da Igreja Primitiva, ela deve ser a igreja do povo e para o povo (At 2: 47). Sua tarefa é abrangente e desafiadora.
Desta forma, podemos afirmar que a dimensão de sua missão é vertical e horizontal. O compromisso da igreja com Deus (vertical) redundará em compromisso com o ser humano (horizontal), em particular. Consciência de compromisso gera responsabilidade, e responsabilidade gera obediência a Deus. Portanto, responsabilidade com o próximo (o pecador) é a tônica do evangelho de Jesus.
Diante desta realidade, a igreja não pode esquecer-se de que a cidade, que é a sua Jerusalém, é um desafio permanente para o povo de Deus, uma vez que o mundo tem-se tornado cada vez mais urbano e, como resultado desse processo, têm aumentado, a cada dia, a marginalização, a violência, o desemprego e os desafios em geral.
É nessa geografia de miséria e de constante pecado que a igreja é chamada para exercer a Missio Dei (a Missão de Deus), com consciência política, social, espiritual e fraternal. Jesus nos salvou para sermos suas testemunhas: “...e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra”, At 1: 8. Nisso reside a missão da igreja do Senhor.


Igreja presente

Não há como vencer uma guerra sem se fazer presente. Para que haja vitória é necessário lutar, e para lutar é preciso estar presente na guerra. Por isso, a presença da igreja na terra pode ser marcada por sua ação como agente do reino de Deus. Ela está no mundo, mas não pode conformar-se com este século: “E não vos conformeis com este mundo...”, Rm 12: 2. A sua luta não é contra a carne e o sangue, mas contra o próprio inferno (Ef 6: 1).
Em sua oração sacerdotal, Jesus disse: “Não peço que os tire (a igreja futura) do mundo, mas que os livres do mal”, Jo 17: 15. Percebe-se que a súplica do Mestre não foi para que o Pai tirasse os discípulos do mundo, mas para que eles permanecessem na terra com a proteção divina. Ou seja, Ele não estava falando de uma igreja fracassada, mas de uma instituição divina que deveria permanecer no mundo para fazer a diferença. Suas palavras não se atribuem a uma igreja imaginária ou virtual, mas a uma igreja viva, real e presente.
Sendo assim, ocupar o seu verdadeiro lugar neste mundo, sendo presente e não se omitindo de seu papel junto à sociedade, deve ser sua constante tarefa. Seu compromisso com a estrutura político-religiosa do país, onde está inserida, é inevitável. É bom ressaltar que sua presença começa com seu envolvimento e participação nos projetos e decisões de sua cidade. Sua liderança e membros não podem enclausurar-se ou afastar-se do convívio social.

Igreja atuante

Igreja atuante é o resultado de uma igreja consciente e presente. Jesus a comparou ao sal da terra e à luz do mundo (Mt 5: 13-14). Estas duas metáforas falam de sua forte influência (atuação) na terra. Dois dos valores do sal, por exemplo, são o de dar sabor e o poder de preservar da corrupção. Isto equivale a dizer que a igreja deve ser exemplo e, ao mesmo tempo, militar contra o mal e contra a corrupção que se alastra, a cada dia, na sociedade.
Viver à margem daquilo que está acontecendo na sociedade não é atitude correta do povo de Deus. A sua missão deve ser integral. Não se limita apenas ao papel da evangelização dos pecadores. A igreja precisa ver o homem como um todo indivisível, porque a salvação é um processo completo, que visa alcançar ao homem total.
Dizer que a igreja não tem nada a ver com a política social, com os marginalizados, com os pobres e necessitados não foi o que Cristo ensinou. Diz a Palavra que Ele andava de cidade em cidade, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus (Lc 8: 1). Seu ministério estava voltado para o homem: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor”, Lc 4: 18-19.
Portanto, “nós nunca encontramos Jesus Cristo de dedo apontado contra os pobres e marginalizados, mas, pelo contrário, enfrentando exatamente aqueles que oprimiam o povo, quer pelo sistema religioso, quer pelo sistema econômico, ou sistema político de sua própria época”. Suas palavras resultavam em atitudes que davam amparo e socorro aos necessitados.

Conclusão

Nesta oportunidade, conclamo a todos os pastores, lideranças e membros em geral a redobrarem o esforço e participação na obra do Senhor, tornando-se uma igreja ativa, participativa e cumpridora de sua missão na terra. Não sejamos uma instituição omissa, vítima do modismo ou do anonimato, mas tomemos posse destas verdades, para sermos o real de Deus neste mundo perdido.

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