Os Estados Unidos é a pátria dos direitos cívis, e a sua constituição é uma das mais suscintas e práticas do mundo. Nela tudo é permitido e ninguém deve ser impedido de fazer o que queira, desde que não atinja o direito do próximo. Diz-se que o americano tem uma enorme facilidade de transformar divergências em demandas. Por direito cívil entenda-se abortar.A questão sempre foi e é espinhosa, e desde que foi encampada pelo movimento feminista que defende o direito de a mulher abortar, enquanto que os oponentes dizem que o aborto põe fim a uma vida, e que o aborto é uma forma de matar um ser humano. Mas, alguns estados americanos deixam para cada uma o direito de optar pelo aborto ou não.A discussão vem de décadas passadas e está longe de um final que contente todo mundo – prós e contras. Se levarmos em conta que a sociedade americana é um tanto quanto permissiva no trato das questões sexuais, o aborto nada mais é do que o reflexo desta liberalidade. A mulher americana via de regra, é no mundo todo quem mais cedo se inicia sexualmente, e nem sempre com os devidos cuidados e a devida orientação.O resultado disto é qua a cada ano um milhão de adolescentes americanas engravidam, gerando um custo de US$ 25 bilhões em programas médicos-hospitalares e de alimentção que são bancados integralmente pelo governo. São adolescentes que desprezam qualquer método de prevenção – preservativos e meios anticoncepcionais – e que estão sujeitas a doenças sexualmente transmissíveis.Se levarmos em conta que de cada dez mulheres grávidas, três abortam, teremos só nos Estados Unidos a impressionante cifra de 300 mil seres humanos que deixam de nascer a cada ano – deliberadamente. Daí, a gritaria que se forma a partir dos oponentes da prática.História do aborto nos EUAEm 1973, a texana Norma McCorvey que ficou conhecida como Jane Roe, recorreu a Suprema Corte pelo direito de abortar. Até então, o aborto era considerado crime nos Estados Unidos, e Roe que era solteira, pobre, drogada e maltratada não sabia direito quem era o pai do seu filho. Ironicamente, embora tenha ganhado o direito de abortar, Roe não chegou a abortar, e depois de se converter ao catolicismo tornou-se uma ferrenha opositora do aborto, e hoje luta para que o aborto seja criminalizado novamente.Jane Roe, recorreu a Suprema Corte, porque o Texas punia com até cinco anos de prisão quem fizesse o aborto, e com a demora da decisão a Suprema Corte estendeu o direito a todos os estados americanos.Prós e contrasDesde então a discussão interminável entre prós e contras domina a sociedade americana. Os argumentos são inúmeros e vão desde afirmar que a mulher tem o direito de optar por interromper uma gravidez indesejada até tirar dela a decisão. O tema tem diversos aspectos – éticos, morais, médicos, científicos, jurídicos, religiosos e políticos – aqui como razões de estado, como controle de natalidade. Há quem veja nesta razão uma imposição dos países ricos que querem impor aos países pobres uma política de controle da população.A decisão tomada em 1973 pela Suprema Corte ainda repercute com força pois provoca reações na sociedade, principalmente entre os religiosos americanos, que movem mundos e fundos a favor da probição definitiva. A discussão é espinhosa e promete durar por muitos anos ainda, até que seja respondida a principal questão – o aborto é legal, mas é moral?
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